A importância do carro elétrico para o desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento e comercialização do carro elétrico poderá trazer impactos significativos na exploração das matrizes energéticas do planeta

Por Alyson de Oliveira

Um dos meios de transporte mais utilizados no mundo é o carro movido à combustível, principalmente o de origem fóssil (petróleo) e em um segundo plano o de origem orgânica (biocombustíveis). Estimativas dizem que há cerca de 20 milhões deles circulando hoje somente no Brasil e esse número vem aumentando a cada dia. Os carros à combustão possuem alto índice de emissão de poluentes e isso tem impactado diretamente no aquecimento global, com a liberação de CO2 (gás carbônico) na atmosfera.

A perspectiva de esgotamento das jazidas de petróleo aliada ao aumento das temperaturas no planeta tem servido de estímulo às montadoras para que desenvolvam projetos para a criação de novas alternativas que contribuam ao desenvolvimento sustentável, o principal deles é o carro elétrico.

A tecnologia do carro elétrico, além de possuir baixa taxa de poluição, beneficia o consumidor, auxiliando a gastar menos com a alimentação do motor e manutenção do carro. Atualmente, existem no mercado automóveis movidos a combustão, automóveis híbridos (combustão/elétrico), dos quais já existem alguns em circulação, e os projetos com carros inteiramente elétricos.

Depois do lançamento de automóveis híbridos na Europa, em 2000, várias montadoras como Nissan e Fiat, passaram a considerar seriamente a possibilidade de lançar esses veículos e sua versão exclusivamente elétrica em importantes mercados como, por exemplo, o brasileiro.

Uma curiosidade que várias pessoas têm é a de como o carro elétrico é produzido. O professor André Luiz Morelato França da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fala sobre esse assunto. França explica que os carros elétricos são movidos por um motor acionado em geral por uma corrente alternada, que é obtida convertendo a corrente contínua de um conjunto de baterias (íons de lítio) através de um circuito eletrônico chamado de inversor. “Para mim, o carro elétrico do futuro, que poderá então ser largamente usado, terá, provavelmente uma célula combustível, como fonte de eletricidade para o motor elétrico”, diz André. “Portanto, a eletricidade nesse caso é o meio de transferir a energia em álcool, gás e etc, para energia mecânica (movimento) sem usar combustão que é o que polui”, completa.

Protótipo de carro elétrico desenvolvido no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). Fonte: Itaipu Binacional

Essas células são pequenas baterias que não funcionam com uma reação eletroquímica como as baterias comuns, mas sim, combinam hidrogênio e oxigênio diretamente através de catalisadores para produzir eletricidade e água. Morelato fala que existe muito desenvolvimento sendo feito em células combustíveis, que são usadas há muito tempo nos ônibus espaciais da Nasa, a agência espacial norte-americana.

 Nilder Costa, engenheiro formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), relata no site “Alerta em rede”, que o carro elétrico trará consigo uma modificação radical na maneira de se produzir e consumir energia. “O carro elétrico também será um choque contra nossas atuais apostas. Ele não usa gasolina, diesel ou etanol. Portanto, a sua popularização acabará com o imenso prêmio que esses combustíveis líquidos têm sobre o carvão mineral, o óleo combustível e o gás natural.”

No Brasil, apesar de a crise mundial ter afetado a economia, é viável uma produção em larga escala de carros elétricos. Como conseqüência disso, o custo dos carros convencionais provavelmente cairia muito. Apesar da ausência de investimentos das montadoras brasileiras neste projeto, as concessionárias de energia sinalizam com a possibilidade de investir nele em conjunto com as empresas automobilísticas, o que certamente aceleraria o início de uma produção, que nos países mais avançadas é projetada para a metade da próxima década.